3 de outubro de 2007

la mort!



ultimamente a morte me persegue. livros, séries, músicas, blogs. minha vida está moniciclotemática redundande revolvendo em torno de um tema só (frase linda, né?).

começou quando eu li "a menina que roubava livros", de markus zusak. a contracapa me pegou pela frase "quando a morte conta uma história, você deve parar para ler". e a morte, se não chega a ser simpática, é extremamente sincera no relato da vida da menina (é, a que roubava livros!). logo no começo, a morte fala "um anúncio tranquilizador: por favor, mantenha a calma, apesar da ameaça anterior. sou só garganta... não sou violenta. não sou maldosa. sou um resultado". a morte se explica, se justifica, desabafa. em 1942, a morte reclama da guerra: "foi um ano pra ficar na história, como 79 ou 1346, para citar apenas alguns. esqueça a foice, diabos, eu precisava era de uma vassoura ou um rodo. e eu precisava de umas férias. (...) com toda a franqueza (e sei que agora estou reclamando demais), eu ainda estava me refazendo de stalin, na rússia. da chamada segunda revolução - o assassinato de seu próprio povo. e então veio hitler. dizem que a guerra é a melhor amiga da morte, mas devo oferecer-lhe um ponto de vista diferente a esse respeito." dá vontade de chamar a morte pra conversar, escutar ela por horas, e não só a história de liesel (a tal da menina que surrupiava os livros). mas tudo. papear, apenas. ela parece precisar disso.

fala de morte também o livro que eu acabei de ler, "homem comum", do philip roth. um dos romances mais geniais que já caiu nas minhas mãos, mas não leia se você quiser estar bem pelo resto da semana. ou se alguém próximo morreu/está para morrer. ou se você não quer pensar em como você vai morrer. o livro se inicia pelo enterro do protagonista, e parte daí pra mostrar a visão que esse homem tem da morte, como ela é construída e como vai se modificando. detalhe: o protagonista não tem nome. ele é qualquer um. ele é, enfim, um homem comum, sujeito a morrer como qualquer outro. (é muito esquisito ler um livro e não saber o nome do personagem. vou batizar o infeliz e escrever o nome dele no lugar de alguns "ele" no meio do livro, só pra avacalhar) o diálogo dele com a segunda esposa quando eles se separam é extremamente foda. extremamente. extremamente, compreendeu?

músicas, nem é preciso dizer muito... ou falam de amor ou falam de morte. ou dos dois. se não falam disso, não falam de nada (ou seria melhor que não falassem, acho. perda de tempo!)

e séries, deeeus do céu. "dead like me" é a melhor ever. começa que a georgia morre atingida por um vaso sanitário de uma estação espacial. e mostra toda a vida-pós-morte da criatura. o humor negro, os diálogos, tudo é muito bem elaborado. foi cancelada, e agora apareceu pushing daisies (o primeiro episódio vazou na internet e é ótimo, peguem num torrent aí da vida! ou no isfree.tv!!!) novamente, com a morte como tema. o moço da série pode trazer os mortos de volta, mas por só um minuto senão algum aleatório na área morre. ele encosta uma vez pra ressucitar e, se encostar devolta, a criatura morre de vez. e ele usa isso pra ganhar recompensas em casos não solucionados. encosta, diz "oieeee, tudo bom? escuta amiga, quem que te matou mesmo?" e encosta devolta pra desligar o mortinho. assim, sem chance de últimas frases, um último pensamento pra posterioridade. certo dia ele ressucita a namoradinha de infância dele e tudo desanda. muito comédia! de séries com a morte como personagem secundário, existe csi e seus filhotes (a original ainda é a mais legal! grissom e greg = eu tendo ataques de fan girl na frente da tv. sério, eu parcelava eles no cartão a perder de vista só pra deixar na estante, enfeitandinho!) e dexter, com o mesmo carinha de six feet under (mais uma!!!), as duas completamente incríveis. não tem jeito, a morte gera os melhores roteiros. as melhores piadas.

e agora, blogs e assuntos de aula. li em vários blogs portugueses a revolta com o veto polonês a uma declaração européia contra a pena de morte. o assunto foi parar em sala (estudante de direito aaaama falar disso. principalmente se for tarado por direito criminal que nem eu) e daí passou-se pra discussão da pena de morte nos estados unidos, pra discussão à respeito da eutanásia, suicídio, aborto... e é claro que ninguém entrou em acordo e a conversa se estendeu por horas, virou briga e etc. entrou pra minha lista de tabús em conversas com pessoas cricas, junto com religião e opção sexual. não falo mais de morte, me recuso!

ps1: só pra acabar o post: depois de tanto falar/ler/escutar/pensar em morte, espero só que a minha não chegue muito cedo. por segurança, se quiserer que eu resevre algo pra vocês no testamento, é só avisar! :P

ps2: deus do céu, que post gigante! leu até aqui? parabéns!

ps3: meu primo comprou um, veio cheio de joguinhos legais! acho que vou visitar ele pra jogar um pouco...

11 comentários:

Anônimo disse...

homem comum tem título em inglês ou é nacional? me lembro da Morte nos livros do Terry Pratchet. ELA FALA SEMPRE EM MAIÚSCULAS. e é muito, muito gente boa.

simone disse...

mom, em inglês o título é everyman (men? nunca sei quando usar qual!)
é muito bom, acho que você vai gostar... o do zusak é ótimo também, e em inglês é "the book thief"

a morte, quando personagem, é sempre a coisa mais legal ever. ninguém ganha :D

Unknown disse...

pra mim, a morte sempre vai ser uma mocinha branquelinha, de roupa preta, um ank no pescoço, andando por aí toda feliz segurando um guarda-chuva... ;)

euvoltologo disse...

eu não li tudo. hehe. não consigo ler posts tão grandes.
mas tenho vontade de ler esse livro da menina ladra, porque a capa é bonita e o nome legal. (a mais crítica né hahaha)

amanda. disse...

quero comentar (por enquanto) somente a foto.
uma vez eu vi no "about me" de alguem no orkut falando sobre uma vez que perguntaram pro inventor do pacman se um dia a realidade imitaria o video game, e ele respondeu uma coisa assim:
"não acho que algum dia nós ficaremos em salas escuras, comendo pastilhas coloridas e ouvindo músicas repetitivas..."

tipo, ISSO É RAVE ok.
ahahahaaha

agora vou ler o texto.

amanda. disse...

AH, tempos atras eu tava assistindo todos os filmes de terror que eu queria assistir.
"o grito" foi o que mais me causou arrepios.
nao tem nada a ver com seu post, mas é morte que não morre, é morte, enfim.

Ang disse...

Coencidencia esse post seu, esses ultimos dias, ando de forma que não consigo explicar, meio tristônha, não sei, como se algo apertasse meu coração, e eu estava andando pela Desembargador Westfalen e vi aquela funerária que tem neon na frente, e pensei "credo, não quero que pessoas que eu amo morram"...

beijinhos

e sai uruca!

Luma Rosa disse...

Normal que pense na morte de forma cotidiana. Embora não estejamos a conversar sobre isso, é natural que seja questionada de forma corajosa, afinal, é a única certeza da vida. Beijus

Anônimo disse...

Eu comprei pra ler exatamente "A Menina que roubava livros" junto com um volume único dos Contos de Nárnia e com "1984". Esperando ainda chegar pq comprei na internet pela Saraiva :P
Aliás acabei de ler "O Caçador de Pipas" e achei pesadíssimo. Tem q ter um certo estômago pra algumas passagens do livro (tipo, quase todas as importantes). Pensei em parar de ler algumas vezes pq o livro tava me deixando meio Down, mas é mais forte q eu terminar de ler um livro =~~~~

Camila disse...

Aaaah, eu quero muito o "Fiona Apple Compilation by Simone"!!!

Camila disse...

PS: sobre meu post, eu não estou revoltada de maneira geral. Fiquei chateada com a atitude da aluna que fez cara de quem não entende quando eu falei que preparava minhas aulas. Mas, de resto, eu costumo não me abalar muito. No mais, tudo acaba virando história pra eu contar depois, haha!