5 de dezembro de 2009

saudades...





Esse talvez vai ser um dos textos mais egoístas desse blog.
Faz duas semanas que eu voltei pra França. Voltei porque tinha ido pro casamento dela, que é minha melhor amiga, minha "mãe" e às vezes é até um pouco eu, assim como eu sou ela de vez em quando (hoje em dia cada vez mais eu me vejo repetindo atitudes dela..). Hoje as fotos do casamento ficaram prontas. O casamento foi um dos dias mais felizes da minha vida, mesmo não sendo meu. Dois amigos meus casando, felizes, e eu junto do meu moço, vendo todo mundo, bebendo, dançando... Os problemas que aconteceram na viagem... que problemas?

E agora eu estou com tanta saudade que eu não consigo estar feliz. Eu não consigo ver as fotos sem ficar com vontade de chorar. Eu não consigo nem escrever do casamento aqui, e eu tento desde que ele aconteceu...

Eu sinto falta de estar perto. Dela, minha melhor amiga, e dele que, além de meu melhor amigo é o moço que eu amo tanto. E ela que nos apresentou, só pra depois eu apresentar o futuro marido pra ela, que também é alguém que eu amo muito.

É amor demais e eu nem entendo porque eu estou tão triste.


Saudade é algo que não deveria existir. Eu queria todos eles aqui perto de mim.

25 de novembro de 2009

uma cozinheira, quem diria?

vou confessar aqui que eu sinto muito amor pela frança de vez em quando. eu, que sempre fugi da cozinha. eu, que não sei nem fazer arroz ou fritar ovo. eu, que faço manha pro namorado cozinhar e acompanho tudo da porta da cozinha, com medo do fogão explodir.

eu agora faço comida, e bem.

PIOR, eu faço a louca do supermercado. tipo hoje, pós um dia e meio de viagem são paulo - roma - paris - bayonne, dia no qual eu acordei sem nem saber onde eu estava, sem uma folha seca de alface na geladeira. fazer a louca do supermercado é entrar no carrefour e gastar 90 euros, em coisas como um quilo de couve de bruxelas (dois euros e cinquenta!!!), uma cafeteirinha (porque café solúvel estava me matando) e um pacote de dois quilos e meio de mini tangerinas (clementines aqui, por uns três euros). e, após tudo isso, pegar no google uma receita que misture as couves de bruxelas, cogumelos, amêndoas, pimenta, alho refogadinho, seguir a risca e a coisa ficar genial.

e após tudo isso estar aqui, sete e meia da manhã, num puta jet-lag, fazendo uma omelete de alho-poró e cogumelos ao vinho branco. e achar na caixinha de vegetais ( vegetais e legumes diversos numa caixinha por 5 euros) um raminho de tomilho e uma folha de louro, amarradinhos. tipo, não foi uma máquina que amarrou. alguém teve o saco de pegar o raminho, a folhinha, escolher, enrolar um barbante com cuidado pra nào quebrar nada e dar um lacinho.

isso é coisa de gente que gosta de comer bem e cozinhar, só pode. essa parte da frança eu amo muito.

24 de outubro de 2009

no meio do caminho tinha uma lavanderia, tinha uma lavanderia no meio do caminho

todo mundo me pergunta o que é mais difícil aqui na frança. é aprender a língua? é estar sozinha? é a conjunção astral atual e as implicações do rebaixamento de plutão do status de planeta? não.

meus caros, o que me fode a existência aqui na frança é lavar roupas.

algo aparentemente tão simples! e não é nem lavar as roupas em si. não tenho problema nenhum em fazer isso. o problema é que o universo conspira contra. quando eu nasci, provavelmente as nuvens se abriram e uma grande mão apontou pra mim enquanto gritava "não terá sucesso jamais em lavar roupas!"

pra usar a lavanderia da residência universitária é necessário comprar as fichinhas da máquina de lavar e da máquina de secar. problema número 1: o escritório que as vende só abre das 14:30 às 16:30, e eu tenho aula várias vezes nesse horário. ultrapassando esse problema, só existe uma máquina de cada tipo, então você tem que ter a sorte de pegá-las vazias.

ok, vamos à primeira vez que eu consegui fazer isso tudo, um sábado às 8 da manhã. desci feliz e enchi a máquina de roupas e sabão. fechei a porta. enfiei a moedinha e... tudo se desligou. a máquina deu "pane" e ficou sem energia. melhor: comeu a minha moeda. bonus points!: a máquina só abre apertando um botão no painel eletrônico dela e, com a pane, minhas roupas ficariam presas lá. no sábado, 8h da manhã, e só teria alguém da administração na segunda.

do lado das instruções de uso tinha um cartazinho: em caso de problemas ligue XXXXXXX. liguei pra XXXXXXX só pra escutar que "pane na máquina de lavar não classifica um problema. tu tu tu tu".

apesar da vontade de sentar no cantinho e chorar, eu subi até o ap e... peguei meu molho de chaves, meu canivete e o conjunto de chavinhas hexagonais que eu comprei pra arrumar a bicicleta. e passei uns bons 20 minutos entortando chaves, quebrando chavinhas e arranhando a máquina pra tentar forçar a porta, o que não funcionou. duas horas depois a máquina acordou do pane e, com uma nova moeda, consegui lavar a roupa. ok, essa vez deu certo.


na vez seguinte, eu só consegui a máquina vazia 21:10, mais ou menos. tem um cartaz na lavanderia dizendo que é proibido lavar roupa após as 22h, e que a ultima carga deveria ser feita antes das 21h pra uma lavagem completa. desesperada pela falta de roupas, decidi arriscar e apertei "lavagem rápida", que dizia demorar 45 minutos. ou seja, a tempo, né? não. às 22h, com o mostrador bizarro da máquina dizendo que ainda faltavam 6 minutos (!!!), a máquina apagou sozinha. porque, veja bem, eram 22h. e é proibido lavar roupa após as 22h. devolta, minhas roupas estavam presas na máquina. e lá ficaram até as 8h da manhã seguinte, quando a máquina religou e terminou os 6 minutos de lavagem enquanto eu esperava sentada num balde, querendo me afogar numa poça de água. mas OK, ainda fiquei com as minhas roupas.

daí agora nessa terceira vez, resumindo bem, algum filhodaputa tirou a minha carga de roupas da máquina e colocou no chão. minhas roupas lavadinhas e limpinhas, no chão. porque passaram DOIS MINUTOS entre o tempo do fim da lavagem e eu descer pra pegar as roupas. deu vontade de cancelar a lavagem dele, juro. (sei que era algum garoto pelas cuecas girando na máquina). deu vontade de abrir a máquina e jogar sucrilhos lá dentro com as roupas dele. mas eu sou legal e só desejei que ele rolasse escada abaixo no escuro a próxima vez que descesse pra lavanderia com uma pilha de roupas pra lavar. só isso.

e agora, depois dessa lavagem, e de esfregar calças jeans no chuveiro na mão, por falta de moedinhas pra lavá-las... (não que eu não tenha dinheiro, mas acabaram as moedinhas pra vender no escritório. tá, eu também estou sem dinheiro, mas não foi esse o motivo). depois de tudo isso, não é que eu estou a 3 dias com um apartamento cheio de roupas pra secar e nada seca? e eu viajo amanhã por uma semana sem roupa nenhuma, quase? juro, o tempo só fica mais e mais umido, e a impressão é que a roupa só fica mais e mais molhada. hoje o chão do meu apartamento estava um pouco molhado quando eu entrei, de tanta água no ar.


eu desisto. como disse a leleca, vou virar macha e começar a usar as roupas do lado contrário quando elas ficarem sujas, viu

20 de setembro de 2009

this loneliness, it just won't leave me alone





oh, portishead...

esse vídeo está uns dias atrasado. eu agora já não estou me sentindo mais tão sozinha... :)

os primeiros dias aqui em bayonne foram meio complicados pra mim. ficar sozinha sempre é meio tenso, já que eu não lido muito bem com isso de não ter um interlocutor. adicione a isso o fato de eu ter chego aqui dois dias antes do meu aniversário, e do meu francês ter piorado muito nos últimos anos.

pra ser bem sincera, antes da viagem e nas duas primeiras semanas de morar aqui, meu francês foi piorando progressivamente. eu falava menos e menos, esquecia palavras, mudava automaticamente pro espanhol (que eu não falo), apelava pra mímica e abraçava o dicionário. nos últimos dias ele têm melhorado bastante, a ponto de eu chegar em casa pensando em francês, enfiar palavras francesas nas conversas com a minha família, etc.

tem sido bastante gostoso e ao mesmo tempo bastante traumático. eu ainda fico repetindo como um disco riscado que eu passei meu aniversário sozinha. só o aniversário não, caralho. eu passei a primeira semana inteira aqui sozinha, já que a responsável pelos intercambistas se demitiu duas semanas antes da minha chegada e acredito que os funcionários da universidade estivessem tão perdidos como eu.

pra dar uma ideia do desespero: no sábado pós aniversário, ainda sem conhecer ninguém fora a secretária do curso, a tia da limpeza aqui do prédio e a gerente do banco, eu escrevi bilhetes num francês quebrado, explicando que tinha acabado de chegar na frança, não conhecia ninguém, que vim do brasil, que queria fazer amigos. então. desde então, eu sou "la fille du s.o.s amitié". claro, começaram as aulas, eu fiz amigos, conheci a re que é brasileira também, mas cada vez que me apresento pra alguém aqui é a mesma coisa "aaaaaah, est tu la... " "oui, oui, c'est moi!" e risadas. é um bom quebra gelo, na verdade!

note que eu não estou mais sozinha, mas a carência ainda não está nas condições normais de temperatura e pressão. acho que essa vai ser a parte mais difícil de administrar por aqui.

mas, de verdade: eu tenho que fazer um post depois só contando das coisas boas. da cidade ser linda. de como eu posso pegar uma bike e ir pra biarritz com a re, a brenda e o benjamin e passar o dia na praia fazendo nada. de como é gostoso ter a minha casa, e chamar o povo pra vir aqui de bobeira, ou passar uma tarde deitada na grama conversando. só conversando.

tem horas que eu queria voltar, tem horas que eu quero ficar aqui pra sempre. ainda não sei direito o que vai sair mais forte. a única coisa que eu tenho certeza é que eu já mudei bastante nesse mês, e que não faço idéia de que simone vai voltar pra casa no fim das contas. eu já sou uma criatura com medos e manias completamente diferentes, e gosto bastante de mim assim.

19 de setembro de 2009

oh la la

a vida aqui na frança está divertida. começou tudo pela viagem, que já foi bem absurda por si só. assim que cheguei no aeroporto cansada, fedida, com duas malas de 32kg comigo, entrei no táxi de um marroquino onde passei 20 minutos conversando numa mistura de francês, inglês, espanhol, português e alemão. quase saí de lá doida! a criatura me largou em austerlitz, onde eu tinha que pegar o meu trem. ok

mas como você pega o trem com duas malas de 32kg? a bagagem toda, somada, é 10kg mais pesada que eu (!!!) considerei seriamente abandonar uma das duas malas, aleatoriamente, na estação, mas dois velhinhos gente boa me ajudaram a levar as malas pra dentro, colocar tudo em algum canto, e depois descer rapidamente quando o trem chegou. sim, os franceses são cavalheiríssimos!

os primeiros dias foram bem complicados. como não tinha aula e não conhecia ninguém, passei a maior parte do tempo sozinha. fiz faxina na minha casa pela primeira vez na vida (pode parar de rir já, mãe!), fiz as compras, consegui lidar com a burocracia, pagar o aluguel, etc.

nisso tudo, o mais difícil foi passar o aniversário sozinha. sim, eu tive a "sorte" de fazer aniversário assim que cheguei aqui, enquanto não conhecia ninguém. meu aniversário não teve festa, mas sim muito choro pelo skype e muita vontade de voltar pra casa do leandro. eu geralmente sou uma pessoa tranquila e bem humorada, mas esses dias foram tensos.

mas agora tudo tá mais legal. conheci um bocado de gente já (estudam comigo uma basca, um espanhol, dois irlandeses e uma venezuelana). além disso, mora um brasileiro aleatório aqui, e anteontem eu conheci a renata, que é brasileira e vai estudar comigo. OMG, O ALÍVIO!!!! não dá nem pra começar a descrever o alívio que foi encontrar essa guria aqui. virou amiga de infância na hora.

saímos quinta pra beber com os amigos franceses dela, daí viemos aqui pra casa pra conversar enchendo a cara de vinho, e fomos pra rua mais tarde, já que quinta aqui é noite dos estudantes. desnecessário apontar que eu mal lembro como cheguei em casa.

daí agora vamos pra biarritz, que dizem que é linda. o daniel passou aqui em casa agora, com dois amigos, e me acordou. eu não sabia se respondia em português, francês, espanhol ou mímica, mas o convite foi feito e eu e re iremos pra praia na chuva. porque praia bonitinha no sol é pros fracos.


e eu não podia estar mais feliz... :)

8 de setembro de 2009

coisas que anotei no avião

Cara, passa Big Bang Theory no avião. Estou oficialmente de "bom humor", tanto quanto for possível após ter chorado um monte e basicamente molhado o Leandro inteiro. O avião ainda para no Rio, onde eu troco pro que realmente vai pra Paris. Wait and see. O episódio é aquele em que eles compram a máquina do tempo do filma "A máquina do tempo".

Opa, peraí. episódio na metade e a gente já vai pousar. Ok, fail my life.

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Ok, deu tempo de assistir o episódio exatamente até o final. Começaram os créditos, apagou a tv e começou o desembarque. Dos outros, é claro. Eu fiquei no avião, junto com uma dúzia de gatos pingados. Na verdade nào vamos trocar de avião. Tô aqui assistindo a limpeza da a-e-ro-na-ve, troca dos fones de ouvido, carregamento de suco de laranja, etc. Descobri que embaixo do banco tem uma tomada que dá pra carregar o notebook. Considerando que eu estou com toda a segunda temporada de "how i met your mother" aqui... a vida acabou de ficar melhor!!


*****

Liguei meu celular rapidinho e chegou uma mensagem do Leandro, dizendo que me ama, que a viagem vai ser ótima, que eu vou amar. Estou dando vexame no avião, chorando que nem boba. A equipe de limpeza da Tam ofereceu um lencinho de papel. Alguém me empresta um celular pra ligar pra ele, já que o meu não tem mais crédito?

*****

Colegas novos de vôo começaram a embarcar e eu ainda tô chorando. E agora, bial? Crianças gritam e tem gente criando briga. Eu só penso na temporada inteira de "How I met your mother" e no fato de que eu deveria estar estudando francês ao invés de ficar assistindo séries.

*****

Começou o voo pra Paris. Mesmo vídeo de segurança na cabine, cobertores de graça, necessaire de graça, fones, blablabla de graça, e o mesmo episódio de Big Bang Theory passando. como ou jacú, assisto devolta.

7 de setembro de 2009

start spreading the news




eu ia fazer um post melhor, mas não deu tempo. no caso, se vocês trocarem "new york"por "bayonne", a música já explica tudo. fica igualzinho, juro! :)

fato é que, sendo esse meu último dia aqui em sp por um tempo, eu vou passá-lo com o leandro e com a minha mãe. e, quando chegar na frança, dou um jeito de escrever aqui.

mas de qualquer forma, são só alguns meses lá e eu já volto.

à bientôt! :P

3 de junho de 2009

I hope. I think, I know


(olá, clique em mim! eu sou um vídeo ruim e desfocado, mas muito feliz!)


Pela primeira vez desde que eu criei esse blog apareceu um comentário anônimo aqui. Reclamando que eu reclamo muito da vida (?), o que é muito estranho, já que pra haver blog tem que haver reclamação. Eu tenho QUASE certeza que isso está nos termos de uso do blogger ( algo como "usos necessários do espaço: WHINE A LOT") mas tô com preguiça de procurar. Obviamente, quando tá tudo ótimo e eu tô feliz, o tempo é gasto indo em botecos, bebendo e sendo feliz. Pra que diabos eu ia gastar meu tempo reclamando enquanto meu chopp esquenta, hein? Conformismo? Desculpe, não fomos apresentados! Vou apagar não, vai ficar lá o comentário. Até achei engraçadinho :)
*** update: e não sou só eu que acho isso! :)


Só pra ser chata, eu não ando com muita coisa pra reclamar, não. Só o mesmo de sempre. Enxaqueca. Não consigo dormir. Minha monografia não vai ser apresentada pelo fato de que ela JAMAIS irá acabar. Ela é o tecido de Penélope, eu escrevo de dia e ela se apaga à noite. Juro. Tenho provas (nem).

Mas mesmo assim eu tenho coisas bem melhores pra ocupar a cabeça. Umas semanas atrás teve show do Oasis aqui em Curitiba, e eu convenci o Leandro a ir comigo. Nunca, nunca, NUNCA vá com uma doida no show da banda favorita. Em 2006, última vez que eles vieram pra cá, eu fiquei na grade e voltei com as costelas roxas. Até entrei na rodinha de porrada quando eles tocaram "My Generation", como fim do show. Nesse, não fui tanto pra frente (pra sorte do meu namorado e do meu primo pré-adolescente que tava com a gente), mas pulei que nem doida, gritei as letras, dei vexame. E o Leandro com uma paciência milenar, me levantando nas costas nas músicas mais legais, cantando alto junto, quase perdendo o ônibus pra voltar pra SP só pra ir comigo. E isso que ele pagou o ingresso inteiro, coitado. E nem é tão fã. Mas sempre tem um ponto alto descobrir que seu namorado consegue te segurar no colo por mais de 5 minutos sem cansar (hehehehehe). O vídeo ali em cima está uma merda porque o foco da câmera morreu e eu não poderia me importar menos. Eu tava só pulando com a mão pra cima, os momentos em que eu enquadrava o palco eram puro acaso. Tava mais ocupada em ver que em filmar, mal aí. :)


E aí essa semana teve o noivado relâmpago dela, que não só é minha melhor amiga e prima do Leandro como foi a responsável por a gente estar junto. (Ela nos trancou pra fora de casa no ano novo e disse que a gente só entrava depois que acabasse com a frescura e algo acontecesse. Aconteceu, continua acontecendo, e tudo mais o que houver é culpa dela.) O Leônidas me pediu sexta de noite pra ajudar ele com o noivado que seria... sábado de tarde. Umas 15 horas de prazo. E foi tudo muito legal, ela chorou, todo mundo bebeu, e eles vão casar mesmo já morando juntos e viajado pra Lua de Mel. Ordem correta das coisas? Não trabalhamos ;D

E agora a cereja no topo do bolo que tá sendo esse ano. Depois de tanto pedir pra sumir daqui, depois de tanto pedir pra ser abduzida, sequestrada, expatriada, tudo deu certo. Vocês conseguiram, estão se livrando de mim. Eu vou ali viajar um tempo, conhecer o mundo lá fora (oi, fora da internet?) e já volto. Claro que isso traz uma série de novas preocupações. Como eu sou uma falida completa, preciso ficar pesquisando todas as opções possíveis de economizar. Já encontrei uma galeria de arte perto do alojamento estudantil que faz coqueteis gratuitos todas as quartas-feiras, o que significa que uma vez por semana eu terei janta/bebida de graça. SIM, eu sou jacú a esse ponto. Comecei a falar com umas meninas que me disseram pra levar sapatos e calcinhas daqui, porque lá, além de caros, eles são meio estranhos. Coisas do tipo "aqui só existe calcinha de vó ou fio dental. tanga, só de renda. conforto zero". Ou seja, preciso levar calcinhas pra um ano? Quantas calcinhas se gasta em um ano? Já que o namorado vai ficar aqui, posso levar tudo em BEGE e morrer de falta de tesão por mim mesma lá?

E, como não poderia deixar de ser, o lugar que eu vou é o mais estranho possível. É França, mas é a 20km da Espanha. Foi colonizado pela Inglaterra. É ponto de refúgio Turco. É País Basco. Tem praia, montanha, rios, castelos, catedrais, tudo em 20km2. Eu não poderia estar mais apaixonada e apavorada. Não podia ser mais a minha cara. Eu já quero viver lá pra sempre.

Pode deixar que eu vou reclamar bastante, ainda. Mesmo com tudo isso. E, de preferência, misturando umas três línguas na mesma frase :)

4 de maio de 2009

televisa, me contrata!

aproveitando que hoje é meu primeiro dia de "desempregada", venho aqui pedir emprego no blog: TELEVISA, ME CONTRATA! minha vida já anda com cara de novela mexicana, nem ligo de enfiar uma gripe do bacon aí no meio.

primeiro expliquemos o desemprego: minha vida está tão de ponta cabeça que não há mais tempo para o trabalho, então pedi pra sair do estágio. era isso ou prejudicar (mais) meu tempo de sono e higiene pessoal, e isso já estava se tornando meio polêmico. assim, dia 1o de maio, dia do trabalho, foi meu primeiro dia de desemprego, já que trabalhei até o fim do mês de abril. mas como é feriado, não conta. aí vem fim de semana... e finalmente segunda-feira, dia de inaugurar o desemprego.

como não tinha que bater ponto 8h no escritório, dormi hoje ainda com o leandro, quase atrasei ele pro trabalho de manhã, etc. fiz propostas de emprego bizarras pra ele do tipo " me contrata de despertador! eu posso morar na sua cama!" (ao que ele responde "você não acorda de manhã, eu ia ter que te acordar pra você ME acordar?"). foi bonitinho, foi gostoso, foi legal, vim pra curitiba com um sorriso na cara na viagem toda de ônibus.

maaaaaaaas como a vida é uma novela mexicana, ônibus atrasou, choveu, passei frio, e minha mãe fez a tal da cena no meu orkut (sinal dos céus de que é hora de apagar aquele troço). dona marilia deixou scraps do tipo "onde você está??" "porque não atende o celular??". ligou pra meio mundo. cheguei e tinha uma mensagem do leandro dizendo "oi, sua mãe está desesperada atrás de você, ligue pra ela". melhor que isso só umas duas semanas atrás quando ela me deixou o scrap "esqueceu que você tem MÃE????"

aí dá-lhe uma semana com todo mundo vindo te perguntar se sua mãe finalmente conseguiu falar contigo, que ela ligou não sei quantas vezes na casa de fulano, mandou email pra ciclano, etc.

e eu viajo pra são paulo toda semana. tenho medo de me mudar pra lá e receber scraps desses todo dia. terei que levar minha mãe junto, tô vendo.


aí que vira novela mexicana, mas pro leandro. além de ter que me aguentar, vai ter que viver com a sogra??? :P

20 de fevereiro de 2009

agora só quero morrer de formas fáceis de explicar


a vida ainda está esquisita. tudo está normal no reino da noruega. (era noruega?)

anteontem eu saí da sala pra respirar porque tinha uma professora falando um bocado de besteira e eu, pra não interromper, decidi sair e dar um passeio. a mulher falava irritadíssima que "PATENTEARAM O AÇAÍ!!! OS AMERICANOS PATENTEARAM O AÇAÍ!!!". longe de mim ser direitista ou usa-lover, mas foi bem diferente, registraram a marca, uma patente é outra coisa, e PELAMOR, eu já me sinto chata só de ter começado a escrever sobre isso. 

aliás, taí outro problema da minha vida: propriedade intelectual. não, ninguém veio apreender meu hd de 750 gigas (no qual eu poderia morar, já que tem mais espaço que o meu quarto). o negócio é que o outro estagiário lá do escritório saiu, então as minhas horas aumentaram e a carga de trabalho também. e minha monografia é sobre infração de marca nos links patrocinados do google (oi?). e tô acompanhando o julgamento do pirate bay por blog, twitter, jornal, torcida, etc. tá hilário, até o momento. convenhamos que brigar com o pirate bay é pedir pra ser ridicularizado. e brigar legalmente com eles é um pezinho no suicídio profissional pra qualquer advogado. e duas meninas da minha sala mandaram currículo pra serem estagiárias no mesmo lugar que eu trabalho, o que quer dizer que eu teria que falar disso TAMBÉM na faculdade. eu gosto disso, mas estou mono-ciclo-temática-reduntante. kill me now, kill me now, kill me now, kill me now.


aliás, falando em kill me, eu PRECISO compartilhar o episódio mais ridículo das minhas férias. eu morro mas não deixo de contar isso pras pessoas, porque se na próxima vez eu efetivamente morrer em circunstancias tão bizarras, ao menos uma explicação vocês terão.


eu passei boa parte das férias em são paulo, fazendo monografia e comendo bolo o dia inteiro enquanto o leandro trabalhava. ele chegava, eu fazia janta (tentava, ao menos), etc, bem dona de casa.  no meio da semana, numa manhã bem parada, eu saí do banho e fui pro quarto me arrumar, enrolada na toalha e pingando água pra todos os lados. assim que eu cheguei no quarto, o notebook reclamou de falta de bateria (estava em cima da cama, preguiçosamente). peguei meu filho esfomeado, deixei a toalha em cima da cama, peguei o cabinho de energia e fui em direção à tomada. eu, pelada, notebook, cabo de energia. só que a tomada fica do lado da janela, no canto do quarto onde as minhas coisas estavam jogadas. de alguma forma loira e bizarramente descordenada, eu fui desviar de um par de tênis e pisei no cabo de energia. o notebook caiu em cima da cama e eu tropecei, em direção à janela. e bendita seja éris, deusa do discordianismo, que a janela do leandro, mesmo sendo baixíssima (uns 30 cm do chão) tem uma gradinha na parte de baixo, tipo uma varandinha. e eu bati que nem uma jacú com o corpo nessa gradinha, e sabe-se-la como não voei PELADA 9 andares até o chão.

imaginem vocês o leandro recebendo uma ligação no trabalho, com o zelador falando "oi, sua namorada acaba de se matar, pelada, pulando da janela". imaginem meus pais tentando entender. imaginem essa situação indo parar na tribuna. depois disso tudo, eu fico achando que metade das mortes da tribuna podem ser frutos de situações jacús assim. eu sentei na cama e chorei, e ri, e chorei, e ri... isso durou mais ou menos uma hora. 

lição do dia: só correr riscos jacús e desnecessários vestida.

9 de fevereiro de 2009

Little Boxes



Pois é, acabou a alegria. Essa semana voltam às aulas e eu ficarei o ano todo presa à PUC. O problema, na verdade, não é nem a PUC em si. Eu gosto de estudar, e como o curso está finalmente acabando, monografia, blablabla, eu até fico mais motivada a ir. O problema são as pessoas. L'enfer c'est les autres. Mesmo que eu tenha um grupo de amigos que preste, o resto ainda me deixa em agonia. E, nessas horas, bora escutar little boxes.

Little Boxes

Nara Leão

Uma caixa bem na praça, uma caixa bem quadradinha
Uma caixa, outra caixa, todas elas iguaizinhas
Uma verde, outra rosa e uma bem amarelinha
Todas elas feitas de tic tac, todas elas iguaizinhas

As pessoas dessas casas vão todas pra universidade
Onde entram em caixinhas quadradinhas iguaizinhas
Saem doutores, advogados, banqueiros de bons negócios
Todos eles feitos de tic tac, todos, todos iguaizinhos

Jogam golf, jogam pólo, bebendo um bom martini dry
Todos têm lindos filhinhos bonequinhos engomadinhos
As crianças vão pra escola, depois pra universidade
Onde entram em caixinhas e saem todas iguaizinhas

Os rapazes ficam ricos e formam uma família
Todos eles em caixinhas, em casinhas iguaizinhas
Uma verde, outra rosa e outra bem amarelinha
E são todas feitas de tic tac, todas, todas iguaizinhas


Alguém me tira da minha agonia, please?