13 de junho de 2011

Inspira, Expira...

Nos últimos meses eu tenho sido uma ótima frequentadora da Santa Casa de Curitiba. Agradeço essa oportunidade ao meu pulmão, que se emociona fácil e fica aí cheio de espasmos e asmas. Só nesse fim de semana de dia dos namorados eu, que namoro mas passei sem o moço (por motivos mais que justificaveis, afinal, ele é lindo), bati cartão no hospital sábado e domingo. Só não fui quinta e sexta porque minha mãe não estava na cidade e ir com meu pai a um hospital ia me causar um ataque maior ainda, daí eu ficava quietinha no meu quarto, não respirando e usando a bombinha de asma como se fosse um escafandro.

Daí cá estou eu, nesse horário infame, revisando a monografia (toc toc toc) quando subitamente a bombinha acaba. Sem grandes problemas, a farmácia abre em uma hora e pouco... Fui dar uma olhadinha na internet pra ver em quanto MAIS eu morrerei pagando remédios (R$55 sexta, R$ 60 sábado, R$ 37 domingo) e respirei aliviada (quer dizer, né...), já que a coisa é baratinha e tem genérico.

Daí eu fui ler a bula. EU SEMPRE leio bulas. Várias vezes. Não que eu seja tarada por elas, pelo contrário, elas nunca me trazem alegria. Eu sou alérgica a aspirina e amarelo de tartrazina, coisas presentes em 80% dos medicamentos do mercado, segundo o instituto de pesquisas inventadas. Daí sou obrigada a ler cuidadosamente cada bula de remédio pra ver se é esse comprimidinho inocente que vai me deixar sem respirar essa semana.

Mas na bula do aerolin, que eu nunca cheguei a ler por usar a mais de 15 anos, constava:

Efeitos colaterais (entre outros): hiperatividade, insônia, cefaléia, tontura, dilatação da pupila, taquicardia

sou eu, descrita de cabo a rabo numa bula.

19 de maio de 2011

Buraco negro

Estou em um daqueles dias sem paciência alguma. Uma semana assim, na verdade. Nada funciona. Preciso entregar a monografia em 10 dias. Tenho dezenas de textos pra escrever e pessoas que estao contando comigo. Pilhas de artigos pra ler, mais livros do que eu vou conseguir ler. Meu computador passou mais dias estragado do que funcionando esse mês e eu passei mais dias de cama que de pé.
Passei o dia entrincheirada no meu quarto. Nada funciona.

27 de abril de 2011

... e eu nunca mais voltei

Esse mar lindo é em Donostia.
E essa não sou mais eu.

A Carol Nogueira postou agora pouco um texto que me fez pensar um pouquinho.

A primeira vez que eu viajei sozinha para procurar meu lugar no mundo foi há quase dez anos. Eu fui e nunca mais voltei. Voltei, claro, mas não era mais eu. 
Eu não voltei de Bayonne. Eu não sou mais a mesma pessoa de dois anos atrás. É muito mais do que "em 2009 eu era diferente", é simplesmente que aquela Simone não existe.

São tantas diferenças que eu não sei como enumerar, ou por onde começar. Eu continuo sendo mais educada e piso mais em ovos com as pessoas do que necessário. Mas, mesmo que pareça incompatível, eu imponho mais limites. Eu discuto. Eu brigo. Eu vou lá e faço e ai de você se ficar no meu caminho tentando me incomodar.

Eu ainda caio no choro conversando com o Leandro sobre as minhas inseguranças e as minhas dúvidas sobre o futuro. Mas ainda assim eu faço o que eu acho que devo. Eu crio coisas novas, eu dou minha opinião, eu tento mudar algumas coisas. Eu não tenho mais medo de fazer papel de ridícula. Eu talvez agora tenha orgulho de fazer papel de ridícula às vezes. Eu faço piadinhas inadequadas, me apresento pra pessoas aleatórias, puxo conversa com estranhos, aceito todos os convites pra tomar cerveja que são propostos, faço apostas idiotas só pra dar risada. Eu sou definitivamente ridícula, mas talvez seja isso que me leve pra frente. Se levar tão a sério nunca fez bem pra ninguém, muito menos pra mim.

Eu não sou quem eu era 2 anos atrás, antes de viajar. Eu também não sou aquela Simone morando em Bayonne, no apartamento minúsculo, viajando sozinha, pegando carona na estrada, nadando na fonte da WIPO, dormindo em aeroportos.

Mas não faço idéia de como explicar quem eu sou agora. Como é que eu classifico? Oi, meu nome é Simone, tenho 24 anos, um pouco mais pálida do que deveria, com uns meios quilos acima do que queria ter, tenho 4 gatos e uma irmã? Oi, meu nome é Simone, moro em São Paulo com meu namorado mas volto toda semana pra Curitiba, adoro tricotar, andar de bicicleta e ler? Oi, meu nome é Simone, estou (aos trancos e barrancos) acabando o curso de Direito, semi-desempregada, fazendo iniciação científica, escrevendo uns textos e artigos de propriedade intelectual, sendo dona de casa, ainda que péssima nisso, e recusei ontem uma proposta de emprego? Oi, meu nome é Simone...

e o seu?

20 de abril de 2011

madrugada

oi, meu teclado esta desconfigurado e eu não tenho todos os acentos. os que ficaram aqui: é è à ù ì ò ã õ
aceito doações dos demais.

coisas aleatorias que eu so penso durante a madrugada, quando o leandro ja foi dormir e eu fico aqui acordada

quando eu era pequena eu tinha diversas crises de asma/bronquite/rinite durante o ano. todo mês eu ia parar no hospital e andava com bombinha 24h na bolsa. metade das crises era culpa de medicos incompetentes, mas não vamos entrar nesse assunto. eu ficava frequentemente de cama, com diversos livros em volta, e tinha que fazer inalação a cada algumas horas. como era o unico momento em que eu conseguia respirar bem, eu relaxava e dormia. era escutar o barulho do inalador pra eu pegar no sono (sério, uma vez minha irmã precisou fazer inalação por algum motivo e eu dormi so de escutar). uns anos atras esse inalador quebrou e meus pais substituíram. eu não consigo dormir com o novo, o barulho do motor é um pouquinho mais agudo.

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o louvre é top 10 lugares mais infernais do mundo. é lindo, é cheio de coisas, é genial mas é o inferno. eu lembro da vitoria alada. de quase sair no tapa com uma senhora por culpa da monalisa (nessa hora eu entendi a turista britânica que jogou a xicara no quadro). lembro de ficar perdida infinitamente em uma parte de esculturas africanas, e em outra subterranea que parecia uma escavação da parte antiga do prédio. e finalmente de olhar pro lado e ver a ana abraçando uma parede. ou porque era marmore ou porque a sanidade ja tinha nos abandonado e fugido pras colinas. um dia eu ainda preciso tentar organizar as memorias desse dia.

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essa vida de semi-dona-de-casa esta acabando comigo. minha vo era uma dona de casa notoriamente terrivel. cozinhava tudo o que você pudesse pedir, mas praticamente destruia a casa. minha mãe é irritantemente organizada e metodica, limpa a casa tanto quanto respira, mas precisa de receita ate pra ferver agua. ao que tudo indica (fora alguns bolos e quiches queimados devidamente escondidos) eu pendo mais para o lado da minha avo. o leandro vai ter problemas...

30 de janeiro de 2011

Eu e Carmen Sandiego em Brasília

Eu e Carmen Sandiego, no Ibirapuera, em dias mais calmos.
Eu ia dizer que eram dias mais normais, mas esses óculos não me deixam mentir desse jeito.

A minha vida, por vezes, fica absurda demais.  O acontecimento jacú dessa vez foi suficiente pra me fazer reabrir o blog (aeaeaeaeaeae!!!).

Então, vamos começar do comecinho, né? Eu vim pra Brasília passar uma semana de luxo, glamour e sofisticação no STJ, fazendo parte do programa de Visitação Técnica. Uma semana inteirinha passeando pelo tribunal, tendo palestras, atazanando os ministros, vendo os processos... pois eu sou uma dos 30 estudantes selecionados entre 1090 inscritos nessa edição (acaba por aqui a auto-adulação, juro. Mas depois dessa história eu mereço!)

Ok, em algum lugar perdido nos cafundós da internet eu descobri que dava pra entrar com bicicletas no metrô em Brasília. Como tudo é longe e eu não dirijo (alugar carro = impossível) além de estar falida (tchau taxi!), meus olhinhos brilharam com a possibilidade de ir do metrô até o STJ a bordo da Carmen Sandiego, minha bicicleta vermelha que viaja o mundo o país, por enquanto. Quando eu descobri que a webjet transportava bicicletas assim... de graça, com carinho, praticamente levando no colo e chamando de xuxu, eu dei pulinhos de alegria. Meu plano mirabolante para Brasília estava montado! Como vocês já devem ter percebido, todas as minhas viagens têm um plano mirabolante, e ele geralmente resulta em dor, tristeza e sofrimento. Foi diferente dessa vez? Não, afinal a minha vida é uma novela mexicana!

Ok, saí de casa em SP em direção ao ponto do ônibus que levava pro aeroporto, alegre e faceira na Carmen Sandiego com uma mochila nas costas e a bolsa na cestinha. A uma quadra do ponto de ônibus, subindo a rampinha da calçada, o pedal direito fez crec. E foi um pouquinho pro lado. Assim, o suficiente pra assustar e a Carmen dar uma dançadinha, mas eu ignorei. Dei um chutinho, encaixei o pedal devolta e beleza. Chegando no aeroporto, a moça do check-in da Webjet despachou a minha bicicleta com a maior cara de "quem é essa louca avacalhando o meu dia" com facilidade e calma. Até aí, o dia seguia tranquilo.

Daí chegamos em Brasília. Peguei a bicicleta devolta e o freio fazia barulho. Puxa, que chato, freio pegando na roda... abri a bolsinha de ferramentas e puxa daqui, puxa dali, nada mudava. O freio iria cantando até a casa do meu tio, então. Aí eu descobri que a única forma de chegar do aeroporto até o metrô com Carmen seria... pedalando, né! Nadando que não seria! Montei na bicicleta com as mochilas e me preparei para os 6km e pouco até o metrô no sol assassino clima agradável do dia.

Aí chega a parte divertida: lá estava eu, na rodovia, a uns 25km/h (hiper velocidade na Carmen cheia de peso - o primeiro que insinuar que o excesso de peso é adiposo leva um tapa), chegando numa subidinha... quando de repente, ao ficar de pé, CREC, o pedal direito quebra de vez.

Vamos fazer uma pausa e aproveitar para um brinde ao inventor dos acostamentos. Acostamentos, essas coisas tão subestimadas na vida da gente, com nomes tão divertidos, onde as pessoas geralmente param para atender celular, fazer xixi, esticar as pernas situações de emergência!

Eu só não virei patê nessa hora por estar indo pelo acostamento, porque Carmen assumiu uma belíssima trajetória nesse momento, que por crítícos de dança talvez pudesse ser descrita como desesperada e raivosa, mas em termos técnicos seria chamada desgovernada, mesmo.

Beleza, eu estava viva, com uma bicicleta quase inteira, no meio da rodovia, com a tim me avacalhando (oi tim, te detesto), e ainda bem longe do metrô.

Várias pessoas se desesperariam nesse momento, mas não eu. Mesmo meu nome sendo Simone e não Joseph Climber, fui arrastando a bicicleta pelos kms restantes, parando duas vezes na sombra de árvores na beira da estrada pra comer nectarinas (o que me trazia lembranças bastante esquisitas da época do grupo escoteiro). Cheguei na casa da minha tia tão queimada de sol e tão cheia de poeira vermelha que eu poderia ter vindo de Marte e não de São Paulo.

Hoje meu tio me levou numa bicicletaria pra trocar o pedal e dar tchau a 20 reais que eu nem precisava mesmo e eu aproveitei pra perguntar dos freios pegando na roda. Resposta do carinha da bicicletaria: "Não é o freio que tá pegando na roda... a roda que tá pegando no freio! Ela tá toda torta! Aliás, a de trás também...." Então, um espacinho pra agradecer a Webjet por ter sambado e dançado conga em cima da minha bicicleta no avião. Não vou mandar revisar tudo isso porque... daqui a uma semana eu volto e ela passaria por outro porão de avião, o que ia mandar mais 45 reais pra passear junto com aqueles 20 do pedal, e eu sou meio ciumenta com dinheiro.

No fim das contas, tudo acabou bem, e a viagem estava com a maior cara de que ia seguir normal. Até umas horinhas atrás quando eu percebi que Brasília e Palmas, no Tocantins, ficam pertinho (muita calma antes de me xingar, meus padrões de PERTO são levemente bizarros). Aí eu planejei uma road trip pra visitar um casal de amigos que se mudou pra lá. Aí eu convidei uma amiga pra ir junto e ela topou na hora. Aí o namorado comentou que a Chapada dos Veadeiros fica na metade do caminho e é tudo de legal que existe no mundo. Lembra lá em cima quando eu disse que toda viagem minha precisa ser bizarra? Então... aguardem!